terça-feira, 27 de julho de 2010

Quando dizer é fazer


Muitas vezes quando falamos, estamos na verdade querendo relatar ou constatar alguma coisa, mas existem momentos em que o ato de falar já tem em si uma ação, é só observar os enunciados:

1.Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo;
2.Eu te condeno a dez meses de trabalho comunitário;
3.Declaro aberta a sessão;
4.Eu te perdoo.

Tais enunciados, no exato momento em que são proferidos, realizam a ação denotada pelo verbo; não servem para descrever nada, mas sim para executar atos (ato de batizar, condenar, perdoar, abrir uma sessão, etc.). Nesse sentido, dizer algo é fazer algo. Com efeito, dizer, por exemplo, Declaro aberta a sessão não é informar sobre a abertura da sessão, é abrir a sessão. São os enunciados performativos que constituem o maior foco de interesse de Austin que é o criador da teoria dos atos de fala.

Mas para que falar realmente se equivalha a uma ação, é necessário que o enunciado seja pronunciado pela pessoa certa e na hora certa. Se uma pessoa comum se referir a um criminoso com as palavras " Você está condenado a 3 anos de prisão", com certeza não terá valor algum!



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